7 de março de 2017

Citando Deus sem usar aspas


Foto;Karla Vidal


Fazia tempo que não citava Deus num poema
Cito, por interesse puro, não nego
Abro mão das aspas
E volto a ser nu: eis a minha oferta

Peço a Abba (Papai) por ti, nesses termos:

Abençoa a tua espera
Tua barba mal feita e a bem feita também
Tua primeira semana distante

Abençoado seja o teu destino
E o desatino também

Fortalece, Senhor, a imunidade do meu amor
Mas que ele não almeje ser imune a mim
Derrama tua luz sobre a paleta de cores com a qual ele pinta suas mentiras
E sobre as verdades que ele não consegue esconder na doçura de seus gestos
Prepara o retorno dele, mas só se isso puder te fazer mais feliz ainda

Deus te guarde em teu charme desengonçado
Porque se eu arenguei contigo
Foi pra disfarçar a ternura
E os abraços que sangravam da represa do meu olhar

Peço perdão a quem tentei convencer que você nunca significou nada
Porque menti pra tentar ir me acostumando com a distância

Obrigado, Senhor, por ele estar me olhando do futuro,
Me acenando do passado, me abraçando no presente e me beijando no além-do-tempo

Agradeço a Deus por ter feito você chegar no de-ai mais atrapalhado e certeiro,
Vencendo-me a dor e gerando mais algumas

Entrei no seu maai com complicação, novidade, Eu te amo e tudo
Mas, você também invadiu o meu, não se engane
E nunca será da conta de ninguém o mistério que esse encontro
Acrescentou à história das artes

Pela intercessão de Burlemax, que teus jardins tragam os melhores frutos
E que teus frutos sejam de equilíbrio, mas também de ousadia e destemor

Estou por aqui
Amém

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