24 de julho de 2016

Brincando com o caos interior no Supercon


Foto: Cláudio Eufrausino


As crianças, adolescentes e jovens adultos que participaram do Supercon 2016 conseguem ser exemplos do que Fredric Jameson chama de "disjunção esquizofrênica". Isso não quer dizer que eles são esquizofrênicos.

O conceito de Jameson utiliza metaforicamente o jargão psiquiátrico para descrever a capacidade do ser humano contemporâneo de dissociar suas atitudes da aparência, seus gestos de suas intenções. Com isso, afasta-se da herança do Iluminismo, que criou o mito do eu unificado, em que as ações, sentimentos e valores eram encarados (ou havia a expectativa de que fossem) como espelho perfeito de uma essência formatada, abrigada na câmara secreta da alma.

Por exemplo, uma criança veste-se como o Curinga, um personagem cruel e insano, mimetizando seus gestos. Mas, continua comportando-se com gentileza e acreditando no respeito aos outros.

Por meio da brincadeira e da imaginação, dá-se vazão a aspectos sombrios da psique, utilizando-se as armas da ficção, isto é o fingimento artístico e o auto-desnudamento. Isso parece saudável e confirma a filosofia de Schopenhauer, segundo o qual a arte é o único modo de administrar o caos que trazemos em nós.

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