21 de março de 2016

O amor proibido entre o vermelho e o azul em tempos de Impeachment

Arte de Konstantin Dimopoulos



Depois que o feitiço da ditadura foi instaurado, de um golpe só [e solitário],

Os seres humanos brasileiros foram convidados a se obrigarem a tingir seu sangue de azul

Abriu-se uma licitação para decidir qual remédio seria utilizado para vacinar a população

Concorriam pílulas de Viagra, pirulito Samblue e Injeções de Nazi-recalque

As rosas vermelhas, com medo de serem linchadas, decidiram florescer medrosamente azuis

Até mesmo a Ferrari sugeriu que a cor vermelha abandonasse a bandeira italiana tamanho o receio de ser considerada subversiva

Só não se sabia como ficariam as relações diplomáticas entre o Brasil, a França e os demais países que traziam o vermelho em suas bandeiras

Difícil foi convencer o sistema nervoso parassimpático a impedir as bochechas excitadas ou envergonhadas de ficar ruborizadas

O pastoril chorou ao ver seu cordão encarnado rumo a um exílio forçado em Berna

A vermelhidão do pôr-do-sol tentou se esconder na tintura dos vinhos ocultos na calada das adegas, mas as adagas da intolerância são dotadas de um GP-SS quase infalível, não fosse um poderoso vírus, cor de liberdade

Depois de três dias de instaurada a ditadura, o vírus atingiu suas duas primeiras vítimas. Elas sentiam dores enormes nas articulações quando tentavam puxar gatilhos ou acionar armas de efeito imoral

O DOI-CODI tentou ressurgir do fel, mas parou de doer, inutilizado pelo vírus

Outro sintoma da virose era uma atração incontrolável de pessoas vestidas de azul por pessoas 
vestidas de vermelho (e vice-versa). Era uma atração doce, sutil e libidanosa como o vermelhazul da aurora.

Quanto mais divergentes eram os pontos de vista destas pessoas, mais convergência havia entre seus olhares: meros disfarces de um futuro abraço capaz de reconciliar de uma vez por todas o fogo e a lua azul de Sinatra

Em sua fase aguda, as pessoas atingidas pelo vírus emitiam respeito e transpiravam franqueza e conseguiam apagar as fogueiras da inquisição com hálito cheirando a Halls azulvermelha

Quando se davam os corpos, os “inimigos” tornavam-se capazes de ressuscitar livros e obras censurados


Vermelho e azul enroscados tornavam-se uma nudez à prova de impeachments e capaz de inspirar a faixa de gaza a se transformar em faixa de pedestres com potencial para a usufruir do direito sagrado ao gozo supremo dos mortais.




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