29 de dezembro de 2015

Ano Novo e o Capitalismo Utópico



Certamente talvez, me chamem de capitalista utópico, pois acredito que a moeda, em 2016, serão os inquantificáveis: gentileza, atenciosidade, comprometimento (que não é igual a compromisso), Otimismo e Pessimismo autocríticos: coisas que requerem tenacidade e precisam lidar com o risco do fingimento. O não-fingimento, então, será um insumo raro e preciosíssimo. E será necessário se desvencilhar dos delírios da década, a exemplo da ideia de que ser não fingido é dizer tudo, desreprimir-se totalmente de uma só vez e de forma concisa.

Saber quando dizer pouco ou dizer mais um pouco serão especiarias

E, como é sabido por quem bem o sabe, não se chega à terra das especiarias sem passar pelo cabo das tormentas. Mas, em 2016, é líquido e certo que a taxa de câmbio intercósmica fará cada tormenta valer o sétuplo em esperança. Diferente dos condimentos comercializados no século XVI, o calar e o falar no momento adequado são especiarias que não se poderão trocar por escravos.

Aliás, o lastro da moeda de 2016 serão corações livres e, portanto, complicados

O principal papel do Administrador, em 2016, será administrar mal-entendidos suscitados pelo Não, pelo Ainda Não. Pelos tirânicos sempres e nuncas que, secretamente se infiltram em nossos gestos, em nossas Faces, em nossos livros, redes e águas

Poder pensar errado em voz alta será um luxo muito mais acessível em 2016:
Sem que se corra o risco de reduzir tudo que a pessoa pode ser ao seu pensamento,
Ou ao que ela escreve o a qualquer tipo de gesto

A reciclagem de atos, palavras e omissões, sem culpa, fará surgirem muitos novos postos de trabalho no mercado porque quem não tem medo de ser jogado fora: só este abre a sela onde os tabus trancam a criatividade

Será preciso converter em investimento as moedas de 1 centavo dos arrependimentos
Porque a taxa de administração de sentimentos inúteis será altíssima

Dar o troco será perda de tempo porque a reconciliação ofuscará o brilho do ouro
Isso não significa que a prosperidade estará atrelada ao estupro da vontade: falo de reconciliação como quem fala da redescoberta do humano, do perdão que, em vez de apagar o que foi escrito, transforma os textos em palimpsestos. O perdão será, em 2016, uma nova e valorosa camada capaz de aposentar a cal e os sepulcros

A taxa de juros será reduzida a zero porque a sinceridade voltará a valer mais do que as promessas.
Ficar bem na fita passará a ser bijuteria de quinta. Os discursos funcionarão como carros a álcool: será possível começar com contradições, ir aquecendo, adicionando-se poesia e também silêncios, sem ser necessário vergonha, até o veículo dos afetos pegar.

O abraço ajudará a equilibrar o balanço contábil de quaisquer empreendimentos
E as crises serão motivo de alta na bolsa de valores porque estimularão a combinação dos inquantificáveis supracitados, adicionando à lista um bom papo e um porre mediano de tangirosca.

A antiga linha de produção será uma pálida lembrança diante do caminho de paz e de alegria que está por vir. Mais do que o carro ou o AP, as pessoas, em 2016, desejarão encontrar o seu eixo, o seu mar e reconhecer quando têm diante de si a alegria e a paz. Como afirma a fotógrafa Carolina Pires, 
é segurar no leme e ir, reconhecendo nossos mares e amares.

2016 será um ano onde os retalhos costurados com amor revelarão um novo tipo de riqueza: a riqueza caleidoscópica. Como dirá a fotógrafa Karla Vidal, o bom investidor no Ano Novo será simplesmente aquele capaz de descobrir novas formas de olhar. O descondicionamento/reinvenção da visão de mundo será o capital por excelência no ano que está por vir. Confira o esquema abaixo, referente ao investimento rentável no olhar caleidoscópico:



Confira aqui as imago-reflexões de Carolina Pires sobre seu 10 anos como fotógrafa

Confira também aqui a série fotográfica Caleidoscópicas, de Karla Vidal

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