28 de abril de 2015

Caos Telúrico: obra de Iara Lima traduz “Cartas de Lua e Silêncio”






Primeiro livro da escritora paraense-pernambucana, Iara Lima, explora a transição entre corpo e memória, entre jornalismo e literatura


Por Cláudio Eufrausino

A escritora e abolicionista Iara Lima apresenta seu primeiro trabalho como tradutora do caos. Tradução não juramentada, como convém ao que ela e Augusto dos Anjos chamam de “Cartas de Lua e Silêncio”, reunidas no livro Caos Telúrico, cujo lançamento foi num dia 30 de abril (dia da desmentira),  na Galeria Café Castro Alves, coração da Rua do Lima (refúgio da autora na capital pernambucana). A obra, além de cartas, traz crônicas e contos e parece inaugurar um novo gênero literário: o doc-confissão (documentário confessional).

Paraense por nascimento e pernambucana por opção, Iara Lima faz seus textos se confundirem com os lugares por onde passou sejam eles cidades, memórias, impressões ou a mistura destas diferentes fases da lua (rua) dos afetos.

Ao longo das páginas, a Presidente da República dos Cães Sem Dono (alcunha que ganhou por abrigar em sua casa amigos desiludidos amorosamente [que, após o saudável convívio com a autora, costumam reabrir os relacionamentos com chave-de-ouro, além de aprender a apreciar um bom samba e a degustar um belo quarto crescente]) confessa pecados “terríveis” como o ódio que ainda hoje sente pela boneca Barbie, transformado em deixa para reflexão sobre a cultura patriarcal.  Com requintes de cruel arte, Iara teoriza sobre os “cafuçus” e aconselha as mulheres: “Realize sua fantasia sexual e deixe a história te surpreender”. Caso o silêncio seja a melhor sobremesa que o homem tiver a oferecer depois de uma noite de amor, a dica da autora é: “Deixe-o só. Nu. E com a conta do motel paga”, hashtagueia.

A exemplo do clima amazônico, o eu-lírico de Iara Lima oscila entre a “menina vestida de chuva” e a “mulher vestida de sol”: “Fui menina, mulher faceira de noites tardias e esperanças vãs. Fui vinho e Silêncio, também Lua e torpor a galgar a madrugada e esperar por tuas mãos, boca, pelo, êxtase e ausência. Sempre à tua procura e minha perda”.

Em vários momentos, o leitor sentirá o prazer de ser provocado a desvendar se o texto é uma notícia, um sonho ou um sussurro de alguém que acha, no meio do fazer amor, tempo para refletir filosoficamente sobre a condição existencial. Nos ajudam nesse desvendamento os doces fantasmas dos autores que, implícita ou explicitamente, influenciam a escrita de Iara, a exemplo de Oscar Wilde,Nelson Rodrigues e  Antonio Maria, com quem aprendeu a brincar o sentimento e narrar o carnaval.

Em uma das passagens (do livro ou, quem sabe, de Paris), a jornalista afirma que a Dor é livre e indivisível: não se doa ou se toma emprestado. Talvez esse trecho careça de revisão, posto que  Iara Lima consegue dividir conosco suas dores, olores, prazeres e inteirezas, numa obra digna da 1ª Divisão do Brasileirão de Literatura: com as bênçãos de Baby (Consuelo?), Dalida, Serge gainsbourg; Noel Rosa e das milícias celestes do Jazz.

O livro Caos Telúrico pode ser encomendado via Internet no site da Nuvem Produções.

Bom dia alternativo






Bom Dia
Por Clerimano Coluci

Preciso dizer que só escrevo pra ti de novo se tiver algum tipo de retorno
Um comment no blog, uma mensagem privada, um holograma gerado por C-3PO,
Um sinal de fumaça (que, de preferência, não seja de cigarro).

[Só não sei qual será o prazo de validade desta “ameaça”}

Pode ser até mensagem anônima: dê sinal de vida. Não vai doer, prometo!
Sim, estou sendo infantil e paranoico, mas dê o desconto, porque é duro ser plausível antes das 9 da manhã.
Se quiseres, posso esquecer pra ti um buquê de flores e literaturas no pôr-do-sol de Boa Viagem: é só sugerir qualquer data antes do Apocalipse.

Que tal uma tapioca de beijo com coco?  Porque, como diz o ditado, dois é bom.


Bom dia

27 de abril de 2015

Quando o poeta chega à idade de Cristo (versão corrigida)






Joalheiro
Por Clistarco Sepúlveda

Senhor, estou contigo
Certamente, pegarei na insônia
Mas, dormindo ou acordado
Minha companhia conhece de cor a chegada dos teus passos
Que bom poder dormir ao teu lado
Tua angústia banhada de luar
Teu sorriso emoldurado de redil
Senhor da minha vida,
Estou decidido a te doar os frutos do meu ofício de joalheiro amador
Que quer sair por aí feito doido
Lapidando as arestas do mundo inteiro
Faz pouco tempo, quis, arrogantemente,
Lapidar uma alma que julguei ser de esmeraldas brutas
Mas, quando se chega à tua idade, Cristo, alegria
É descobrir que necessário é lapidar a si mesmo
Qual joia serei eu, depois de lapidado este enigma?
Chegar à tua idade, Pai, e optar por resumir a raiva e a perplexidade
E ampliar a tese do carinho
Recebo de bom grado este fardo leve
Estou ficando adulto e bobo
Cada dia com mais vontade de admirar o rosto alheio
Seja o sério
Seja o efusivo
Como se estes rostos fossem o pôr e o nascer do sol
E como admiro também os rostos ambíguos, eclipsados
E tu me permitiste, meu Deus, amar-te, amando os seres humanos
Isso me faz eternamente grato
Pois sei que o milagre mais milagre não é ver o mar se abrir
Mas ver um sorriso se abrindo
Quero garimpar doçura em todo gesto
Sei que isso coloca minha vida em risco
Sempre estará em risco quem não espera o pior
Mas, São Pedro não me deixará entrar no céu,
Se eu não puder tirar um pouco de risco do frasco de minhas memórias

Para passar-lhe nas feridas.

21 de abril de 2015

O ex-medo de ser o Amigo da Vez e os (in)confidentes do Libertare



Fonte: Extreme Science


Sábado passado, uma reunião de amigos me fez perder o velho medo de ser o Amigo da Vez (aquele que não bebe para poder dirigir). Antes, me dava um certo receio de ser este personagem, como se o amigo da vez acabasse destinado a ser o careta sobre o qual a “vaca profana”, da poesia de Caetano Veloso, fosse jogar seu “leite mau”. Afinal, entre os que estão bebendo, o "sóbrio" meio que parece um espião livre da blindagem da liberdade que nos chega quando vestimos nosso sangue com dosagens de álcool censuráveis pelo bafômetro. A verdade é que é difícil deixar de enxergar no não-ébrio um tipo de censor ao qual estariam expostos aqueles que, sob os auspícios de Ceres, voluntariamente desligam seus campos-de-força.

Os (in)confidentes do Libertare compartilharam de sua embriaguez comigo. Sem beber meia gota de álcool, fiquei bebinho: uma embriaguez semelhante àquela descrita pelo apóstolo Paulo como embriaguez do Santo Espírito.

Chegou uma hora em que falávamos em línguas estranhas, mas tudo fazia tanto sentido. E a embriaguez por correspondência nos fazia experimentar os mais diferentes dons: da profecia, da sabedoria, da cura e, certamente talvez, do amor e outras virtudes que traziam húmus aos meus in(sensos): de justiça, de humor, et alli. E a memória de Nietzsche foi convocada para demonstrar que a vontade de potência precisa tanto do elefante quanto do ratinho para se expressar em plenitude: não pode ser plenamente potência a potência que abre mão de ser fragilidade.


Aquela tarde-e-noite conseguiu expulsar de mim tantos “demônios”: não daqueles de chifre, rabo e voz de Darth Vader, mas sim daqueles que tentam nos convencer que todos os lugares do cinema-mundo estão ocupados. Todavia, contudo e, porém, no próximo encontro, vou querer deixar que a “vaca sagrada” jogue  "la leche buena" (leia-se tangirosca) na minha cara.

8 de abril de 2015

Para quando o Face estiver fora do ar






Relato de um jovem apaixonado colhido nas paragens do WWW



Queria te ver com os olhos: o caminho mais óbvio e evidente

Mas, como não tenho permissão, resta-me te ver com a poesia: o caminho da vidência
Certamente, vivo desatualizado, pois as imagens me chegam do futuro ou do passado (do futuro do passado, talvez), na maioria das vezes

Fico tão feliz e em paz quando digito a primeira letra do teu nome e tua imagem aparece na linha do tempo

E não encontrar teu rosto nas redes me deixa angustiado, pow! Se bem que o enredo mais excitante pra mim é tua autonomia. Mas, quando ela precisar de um farol, estou a postos. Já estou, inclusive, adaptado à crise energética e munido de lâmpadas de LED (Love e Desire? Tudo bem, pode rir!)

Estou quintuplamente angustiado, posto que sou escritor, apaixonado, assalariado, torcedor da Patativa e quase humano (isto é, jornalista)

Sou somente uma pessoa, de carne, ossos e pensares
Fiquei com medo de teres te filiado a algum exército estrangeiro
Mas, se, por acaso, foi isso, peço que escapes, de quando em vez,
E venhas ser mercenário na minha vida
Traz de volta tua face pra mim
Se aconteceu algum problema e eu puder ajudar de alguma forma: será a ajuda de um bobo exagerado, mas prometo que não vou confiscar teu passaporte
E se quiser me encontrar pessoalmente, se quiser só me abraçar e ir embora
Mi casa es tu casa e mi poesia es tu poesia
Rapidinho mando fazer uma chave da minha cobertura em Londres pra ti e um avião pra que possas ir e vir com liberdade ultra-constitucional e ainda mando interditar os engarrafamentos celestes. Mas me perdoe porque, por enquanto, minha Londres é a cara da Imbiribeira, meu aeroporto é menor que o de Caruaru e meu avião foi projetado por Toquinho e Vinícius, inspirado no jato da Mulher-Maravilha.

Tento descrever o bem que te quero, porque isso me gera paz
Respeito teus silêncios e tua distância bem como tua presença que me chega em forma de profética brisa
Não quebre a ponte que liga minha imaginação a ti
Porque pensar no teu bem afasta minha insônia e, ao mesmo tempo, me desperta
As poesias são meio que um País Basco na minha alma barcelônica
E tu és o libertário mais querido que tenho o prazer de hospedar na minha alma desengonçada



7 de abril de 2015

O intraduzível À bientôt

Meu Francês tem erros de todos os idiomas, incluindo os extintos.





Sem arrogância


Il est possible un grand amour au point de jeter les aéroports et donner à l'autre le droit à un billet sens retour vers le bonheur.

Mais on n'a pas besoin d' avoir peur de risquer et le retour ne sera jamais honte , parce que ce qu'importe ne sont pas les départs et les arrivées , mais ta existence.

Je t'ai rencontré à des moments différents , tout ils cousu par ta tendresse. Aujourd'hui , ton esprit est un vin rare qui transforme les mains du Christ dans miracles.

Heureux qui peut vous emmener autour et, moi, Je suis heureux, aussi, parce que je vous ai , de loin , à la légère, comme celui qui ensigne la cerise comme rimer avec la brise.

J’ espère que je soie un peu beau pour toi parce que d’avoir beauté à tes yeux est de savoir comment veincre des bonnes batailles  en partagent la première place du podium avec une mer de câlins sincères.

Encore, J’ai de l'espoir de faire de l'amour avec vous. C’est la unique chose que manque parce que tu m’a aidé a faire de l’amitié , de la paix , la gentilesse et tout ces chose là avec la dextérité d'un nième DAN dans l'art de L'amour–Dô. Tu es  l'opposé de l'arrogance avec parfam de une sèduisante âme pris en flagrant délit d’être inoubliable.


Tradução:

Sans arrogance


É possível um amor grande a ponto de jogar fora os aeroportos pra que o outro tenha direito a uma passagem só de ida rumo à felicidade.

Mas, não é preciso ter medo de arriscar e retornar nunca será vergonha, pois o que importa não são os embarques e desembarques, mas sim tua existência.

Te conheci em diferentes épocas, todas elas costuradas pelo teu cavalheirismo. Nos dias de hoje, teu espírito é um vinho raro que transforma as mãos de Cristo em milagre.

Feliz quem pode te ter por perto e feliz eu que posso te ter, por longe, de leve, como quem ensina as cerejeiras a rimar com a brisa.

Espero ter sido um pouco bonito pra ti porque ser bonito no teu olhar é como vencer bons combates compartilhando o primeiro lugar do pódio com um mar de abraços sinceros.

Mon ami, ainda espero fazer amor contigo, pois só falta isso, porque me ajudaste a fazer amizade, paz, gentileza e tudo com a destreza de um enésimo DAN na arte  do L'amour-Dô.

Tu és o avesso da arrogância com fragrância de uma sedutora alma pega em flagrante cometendo o crime de ser inesquecível.


1 de abril de 2015

Procura-se estrangeiro na Palestina



Feliz Aniversário
Por Linav Koriander


A proximidade do teu aniversário me fez lembrar que ontem foi aniversário da Torre Eiffel. Mas, ela não está à altura do teu charme franco-venezuelano-brasileiro.

Queria te dar de presente meu sonho de dormir enroscado no teu silêncio e juntos nos tornarmos um só corpo de delito: livre da culpa.

Amor, se fores salvar o Oriente Médio, volta e, por favor, cuidado pra não fazer amizade com nenhum homem-bomba, além de mim (que só explodo de saudade). E não aceite, por favor, se te oferecerem o tal do narguilé: aquilo é pior do que cigarro.

Te acho lindo desde que eras criança e visitei alguns ontens pra te dizer isso. Não quis ser stalker. Só estive em busca daquele tipo de instante em que a coragem nos tem o suficiente. Nesse instante, te direi que quando te vejo meu coração bate forte a ponto de transformar a faixa de Gaza numa pista de dança pavimentada por Shaloms e Eu-te-amos e por aquelas músicas estranhas que gostas de ouvir.

Tenho medo de viagens de avião, mas convenci dois anjos bem ranzinzas a te acompanharem em teus voos: tudo vai ficar bem, príncipe.

Desculpa, mas não consigo evitar de, pelo menos uma vez por mês, sonhar que me converti ao ateísmo só pra destravar no Playstation novas posições sexuais e, assim, inspirar teus poros a bombardearem minhas 7 camadas de nudez. E prometo que minha língua deixará até tua timidez intumescida.

Se der, não se case ainda. Antes, fica comigo um pouco pra eu saber como é ser feliz ao teu lado e pra tu saberes como é ser feliz contra mim e a meu favor também: fique à vontade. Mas, se for pra felicidade geral da nação alvi-rubra, pode casar. Serei, então, o melhor Outro que a traição já inventou. E, se quiser, podemos nos casar e meu amor visitará todos os dias teu mau-humor, tua mudez e aprenderás a visitar minha falta de noção, minha falta de nação.

O importante é que gosto de ti com aeroporto e tudo e estou disposto a andar de mãos dadas contigo e com teus naufrágios.

Estou certo de que sou capaz de te fazer especialista em abraços e o sarro de nossos corpos fará prescrever a vergonha de estarmos nus. Ajuda-me a aposentar as folhas de parreira e as culpas. Obrigado por me emprestar o retorno ao paraíso quando acaricio os teus apocalipses.

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