16 de junho de 2014

O relógio cardíaco e o temp(l)o do amor secreto


Cárdenas



Amor secreto
Por José Luis Paredis

Amor secreto, espero suavemente
Pelo dia em que teu beijo me ensinará o gosto poético da asfixia
Queria que fossem, minha e tua, as mãos dadas que brotam
do muro caído no coração de Berlim do Leste
E que chegue logo o dia em que meu rosto ensinará a ler tua cegueira
Meu corpo será um pergaminho lido por teu abraço
E minha companhia a leitura em voz alta buscada por teu silêncio
Recapitulei as raivas e os desprezos que me deste de ausente
E torcemos, a Venezuela, a França e eu, para que fosse por medo de amar e não  por repulsa a mim tua indiferente pulsação
Mas, a prorrogação desta dúvida já superou o tempo da partida
E, antes que o ipê se vá: temo
Amor secreto, não tentes me poupar
Porque ser poupado me faz sentir um relógio cardíaco
Prefiro descobrir que tenho sopro dans mon coeur, no meu corassão,
Se for este o apreço pago pelo ar que teu beijo me tirar há de
Cárdenas se tornou um continente desde que minha vã geografia
Te transformou em capital de lá, capital daqui y de meus tem(p)os todos
E rezo para que a Nova Aliança seja tenha sempre uma boa notícia guardada
Para tuas chegadas e saídas
E, por favor, muda teu perfil de terrorista internacional
Porque ele colhe do meu olhar o estranho magnetismo do amor à primeira vista
E me dá muita saudade te amar à primeira vista sem poder te rever
E que, de algum modo, meu amor secreto
Te envolva com leveza de mundo novo
Onde não existam bombas, nem cigarros, nem muros
Onde a terra-firme seja metáfora de nuvens e de nu vais
Metáfora escrita em minhas retinas
Traduzida em meu tato e também na falta dele

Cifrada por meu sonho, decifrada por meu acordar beijante. 

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