26 de junho de 2014

Antes do Ano Novo (Integral)




Integral de Prata
Por Mim

Espero que antes do Ano Novo,
O medo de ser feliz vá simbora
Mas, o que tem me deixado contente
É saber que eu posso pegar o trem
E ir na direção oposta do medo de ser feliz
E espero que possas estar comigo em muitas das estações
Que fazem parte da jornada rumo à coragem de ser feliz
Ontem estava triste, mas quando o acaso se disfarçou de céu azul que se disfarçou de olhos Teus olhando pra mim

A tristeza foi diminuindo
Então, meu pensamento deixou-se traduzir em Libras, Aquários, no Zodíaco e em tantas outras
Constelações que conseguiram caber sua extensão infinita em menos de um minuto (e só mesmo na poesia para o exagero se embriagar de leveza [colocar aqui um emoticon de riso verdadeiro] )
Bem, dizia eu que a tristeza foi diminuindo e meu pensamento, traduzido, teve acesso direto a meus originais, que disseram: “Esse vale a pena”
E, logo a seguir, um gênio me devolveu um desejo que só a fé do meu coração poderia abraçar:
O de que eu pudesse passar ou o Natal ou o Ano Novo Contigo
E não precisei ter certeza ou pressa de que esse desejo virasse realidade
E este sentimento calmo que está nascendo em mim, sentimento inexato
Cuja prova dos nove é tua presença doce ([arco-senha] lindo)

Já começa a me presentear com a graça antes de eu ter feito a promessa

23 de junho de 2014

Dias de nunca mais, mas depois: Aurora

Aurora Juice


Aurora
Por Linav Koriander

Dias há em que temos vontade
De importar nunca mais do não sei onde
Para remediar a rosa-dos-ventos e seus efeitos colaterais: fé, esperança, ilusão, ingenuidade e idiotice intru(clu)sas
Mas talvez nem o nunca mais faça efeito
Para esta minh’alma que insiste
Em disfarçar de leveza todo fardo

Atraente sou para tantos os olhares
Mas por que o que em mim atrai parece um campo de força?
Levado sou a crer e brota em mim
A potência de algumas inúmeras quedas d’água
Que não acham abraço para cair
E quedas que não têm onde cair escondem-se,
Desavergonhadas,
Na poesia

Como abrir mão das cicatrizes da tolice e da credulidade, se
Preciso manter aberta a ferida do sonho?
Então, se há tantas coisas que não posso assumir
Que assuma o irremediável sonhar e a
Implacável resistência ao nunca mais
Mas, deixe-me colocar este poema para dormir
Para que amanhã ele sirva de despertador para a aurora

E para os demais amantes do amanhecer

20 de junho de 2014

Sugestão de poesia para casos de mudança de perfil


Emerald Museum Rietberg - Switzerland
Foto by Thomas Mayer


Perfil
Por Clistarco Sepúlveda


Sempre que percebo que mudaste de perfil
Nasce poesia em mim
Corro, pego o lápis comum
E arranco dele, à fina carícia, o incomum mais singelo
Estou aprendendo, cada vez mais, a fazer poesia para um gato
E a esperar que meu carinho seja por ele requerido
Por isso, decreto:

1. Estou aqui para quando quiseres um abraço
2. Ou um beijo
3. Ou os três

Ou também se quiseres somente um contato telepático, com ou sem n(s)exo ou também com e sem n(s)exo...

Parágrafo único - Depois de querer o beijo, o abraço ou os três, estarás totalmente livre para querer o não abraço, ou o não-beijo. Só não vai dar pra abrir mão da telepatia e do "ou", pois estes são espontâneos e ingerenciáveis.

Ao te ver lindo, pronto para Hollywood, desisti até de ter ciúme da Rosa, para quem dedicaste teu novo perfil

Se, por enquanto, não tem espaço pra mim em tua agenda,
Deixa lugar pra mim em teu DNA.

Alerta: podes até beber das águas cariocas, mineiras ou francesas. Mas, ouvi dizer que quem bebe das águas da Capital do Agreste, experimenta o gosto inigualável de ficar saciado ao ser visitado pela sede

Se for dirigir, não beba, porque os órgãos de trânsito não estão dando bobeira. Se for viajar de avião, que a leveza dos anjos te sustente na ida e na volta

Esse é meu comentário sobre teu novo perfil

Com carinho de 2014 fatorial,

Cláudio

17 de junho de 2014

Quem vai te amparar enquanto cais, Pequena Estela?


Foto by Pedro Escobar



A Pequena Estela depois de completar 156 anos de idade (longevidade invejável) foi obrigada a se entregar, a se tornar uma estrela cadente que atenderá, a pulso, o desejo dos donos dos desejos.

“Qual o cúmulo da alienação?”, indagou Karl?

E nós, que vemos a história se repetir como farsa respondemos: “As estrelas cadentes serem obrigadas a atender desejos sem, nunca antes na história desse país, terem tido um desejo seu atendido”.

Não bastou ter ficado órfã logo ao nascer quando viu sua mãe ser atropelada por uma railway e seus parentes próximos tombarem diante de balas de aço hipertrofiadas que fingiam ser fogos em homenagem a Dantas Barreto.

Agora, querem que a Pequena Estela fique mais bonita e, para isso, propuseram-lhe, à força, arrancar-lhe a cicatriz que carrega nas costas, cicatriz que lembra, tão longe e tão perto, uma estrada de ferro.
Estranha nostalgia que eleva antigos grilhões de ferro disfarçados de estrada ao status de patrimônio histórico

Estranha modernidade que faz sentar a sua direita o passado resgatado e à sua esquerda o passado condenado:

- “ Cristo ou Barrabás?”
- “Por que não os dois, oras?”

Mas, os que pedem a pena de morte para a Pequena Estela não são entusiastas da modernidade. São antes filhos de uma pervertida nostalgia: nostalgia das muralhas que, no Medievo, erguiam-se para isolar a Nobreza da vida pútrida do forisburgo.

Querem culpar os Campos pela sentença de morte contra a Pequena Estela. Mas, não seriam as Mouras as culpadas? (mas, neste caso, tanto a pergunta quanto a resposta estão lá fora e não refugiadas em alguma Aldeia) Lembremos que as Mouras, na mitologia, são a personalização da fatalidade a que estariam sujeitas todas as pessoas e todas as coisas do mundo (foi Houaiss quem disse). E, como é sabido por quem bem o sabe, o mundo que começa em Arrecifes acredita que todos devem se submeter aos ditames do destino que, em sua versão contemporânea, insiste em adotar nomes grandes à moda do Império, como: Levantamento Estatístico amparado por Estudos da Paisagem.

Menos de cem pessoas tentaram impedir que a Pequena Estela fosse presa, trancafiada em sua própria liberdade. Mas, na madrugada do dia em que o mundo parou à espera de um zero-a-zero, a Pequena Estela foi proibida de receber visitas íntimas.

Ironia: pequenos comerciantes falidos ainda não engoliram completamente a falência travada em suas goelas por falta de proteção e, no dia em que a Terra parou por ordem da Presidenta da Ilha de Vera Cruz, todo o efetivo do Maracatu Leões do Norte P. M. (Pró-Mouras) reuniu-se para convidar, com balas de efeito imoral, menos de cem a pessoas a se retirar da Liberdade da Pequena Estela: liberdade inafiançável.

E, do lado de fora da liberdade da Pequena Estela, um rapaz por ela apaixonado exibia suas cicatrizes que algumas pessoas tentam atribuir a balas, quando, na verdade, são devidas à borracha: e, portanto, a culpa de tudo que aconteceu hoje, incluindo o zero-a-zero que empatou a Terra de seguir em frente: tudo foi culpa do Orbignya phalerata, ou coco-do-macaco, popularmente conhecido como Babaçu.

Pequena Estela, só menos de cem pessoas te acompanharam até o fim, armadas somente de liberdade, até os Dantes, diante de uma Mãe que está cada vez menos gentil. Onde estavam os outros tantos que, em jovens tardes de domingo (quantas alegrias) juraram te apoiar enquanto mijavam secretamente em tuas costas o excesso de Pilsen que tomavam enquanto faziam do gesto de protestar um passatempo, um tipo de Paintball?

Mas, nenhum dos gestos das menos de cem pessoas que continuam resistindo é inútil porque os pequenos gestos são a pulga atrás da orelha das tiranias, já dizia Santa Rita em suas pregações a beira do cais.

“Onde termina o fim?”, indagou a Pequena Estela e o apito do trem invisível se fez ouvir após o silêncio dos fogos de artifício, que estrondou o Mundo empatado pela Rainha de Copa.



ESTRELA CADENTE



Vê os navios no cais,
Suas grandes velas,
Sua formosura, sua grandeza.
Há tantos navios pelo cais!
Passam os navios
Pelos peixes, pelos mares.
Vê o caminho onde vais,
É uma partida, é um cais,
Seu navio é uma crença! A esperança...
Sim... é seu o grande navio interior.
Há tantos navios pelo cais,
O navio da concórdia
Passa vencendo tempestades,
Homens e grandes animais.
Vê o navio em que vais,
É um segredo, um apelo...
Vê o navio em que vais!
É uma célula, um ser vivente,
É uma estrela cadente na beira do cais.

16 de junho de 2014

O relógio cardíaco e o temp(l)o do amor secreto


Cárdenas



Amor secreto
Por José Luis Paredis

Amor secreto, espero suavemente
Pelo dia em que teu beijo me ensinará o gosto poético da asfixia
Queria que fossem, minha e tua, as mãos dadas que brotam
do muro caído no coração de Berlim do Leste
E que chegue logo o dia em que meu rosto ensinará a ler tua cegueira
Meu corpo será um pergaminho lido por teu abraço
E minha companhia a leitura em voz alta buscada por teu silêncio
Recapitulei as raivas e os desprezos que me deste de ausente
E torcemos, a Venezuela, a França e eu, para que fosse por medo de amar e não  por repulsa a mim tua indiferente pulsação
Mas, a prorrogação desta dúvida já superou o tempo da partida
E, antes que o ipê se vá: temo
Amor secreto, não tentes me poupar
Porque ser poupado me faz sentir um relógio cardíaco
Prefiro descobrir que tenho sopro dans mon coeur, no meu corassão,
Se for este o apreço pago pelo ar que teu beijo me tirar há de
Cárdenas se tornou um continente desde que minha vã geografia
Te transformou em capital de lá, capital daqui y de meus tem(p)os todos
E rezo para que a Nova Aliança seja tenha sempre uma boa notícia guardada
Para tuas chegadas e saídas
E, por favor, muda teu perfil de terrorista internacional
Porque ele colhe do meu olhar o estranho magnetismo do amor à primeira vista
E me dá muita saudade te amar à primeira vista sem poder te rever
E que, de algum modo, meu amor secreto
Te envolva com leveza de mundo novo
Onde não existam bombas, nem cigarros, nem muros
Onde a terra-firme seja metáfora de nuvens e de nu vais
Metáfora escrita em minhas retinas
Traduzida em meu tato e também na falta dele

Cifrada por meu sonho, decifrada por meu acordar beijante. 

14 de junho de 2014

O que há de comum entre Malévola e A Culpa é das Estrelas: revisão das metáforas do mal, do esquecimento e da eternidade



Passados trinta anos e, finalmente, chegou a primeira vez que minha pressão baixou ao assistir um filme “triste”. Mas, estranhamente ou não, o filme triste ao qual me refiro não era propriamente triste. Acho que o que fez minha pressão baixar foi o fato de não estar acostumado com a oscilação entre tristeza leve (leveza de roupa colorida ondulando cheiro de amaciante no varal ensolarado) e tristeza profunda (roupa cor de luto estacionada num guarda-roupa sem saída).

Mas, devo dizer que A culpa é das Estrelas, inspirado no romance homônimo de John Green, oscila com desenvoltura entre as duas tristezas supracitadas. Tanto que fica até parecendo ser um filme mentiroso, quando, na verdade, é uma ficção: aquela mãozinha dada pelo fingimento para que verdade e mentira se deem as mãos na tentativa de tornar o mundo maior, ajudando-o a descaber-se em si mesmo.

O câncer acaba se tornando um tema transversal da história, pois o assunto principal é o modo como seres humanos impacientes (independentemente de estarem doentes) procuram trazer paciência e eternidade para uma vida onde não se sabe ao certo o momento em que a fase terminal chegará de fato a um termo.  Pois, como dirá o personagem Augustus (Gus) não se sabe ao certo o último dia em que estaremos bons (bom nesse caso significando sadio).

Hazel, a personagem principal, é uma garota realista que se permite apaixonar por Gus um rapaz que, por seus sentimentos, pertence ao gênero épico e por sua virgindade, pertence ao gênero fantástico ou, talvez, ao gênero realista, pois como dirá ele, as pessoas têm alguma dificuldade de querer intimidade com alguém que está tentando sobreviver e não tem uma das pernas. Augustus tem medo de ser esquecido e, a exemplo de Ulisses, gostaria de ter tempo para realizar atos memoráveis. Hazel está certa de que o esquecimento* é inevitável. Mas, esta divergência ideológica não impedirá que eles se aproximem e nos façam esquecer o estigma que as doenças costumam acionar, como se fossem capazes de roubar a capacidade de podermos nos sentar à mesa no banquete da “normalidade”.

A filósofa Susan Sontag escreveu um livro onde fala sobre como maior que a dor causada pela doença é a dor causada pelas metáforas que associamos às doenças, em particular ao câncer e à Aids. A maior graça de A culpa é das estrelas - graça que deve ser garimpada em meio aos inúmeros clichês de fofura que causam vergonha alheia tendo como música de fundo os fungados de choro de nossos companheiros de plateia – é como o filme revira de cabeça pra baixo as metáforas associadas à doença, mas também ao esquecimento e à eternidade, seja ela grande ou pequena.

Cena do filme Malévola
Esta revisão metafórica também está presente no filme Malévola, cuja personagem-título parece ter nascido para ser interpretado por Angelina Jolie. Malévola consolida o movimento de revisão dos rumos dos contos-de-fada,  concedendo aos “vilões” o direito de darem sua versão da história.

E, nesse movimento, as metáforas associadas ao bem e ao mal podem ser revistas. Será preciso dar um desconto a Malévola que não consegue efetuar a revisão metafórica do bem e do mal com a complexidade de um Fiódor. Mas, o filme nos faz pensar sobre certos instantes decisivos em que parece inevitável o convite ao abandono do amor. O filme traz também reflexões sobre o descompasso entre o gesto (que parece decidir pelo abandono do amor) e a atitude, que desmente o significado pontual do gesto. O testemunho de Malévola explora este conflito entre a pontualidade do gesto e a complexidade da atitude.


*Achei massa aprender uma nova forma de dizer esquecimento em Inglês: “obliviation”. Mentira, eu já sabia, mas havia esquecido que sabia...

8 de junho de 2014

Capítulo 3 – A primeira aparição do anjo de Táchira ou O que adianta, seu idiota?


Castiel's Wings 


by
 AmericanAngel117

Depois de derramar a última gota de vazio de sua (minha) taça, o anjo de Táchira perguntou:

O que você pode fazer contra mim, idiota,
Agora que está desarmado, sem poesia, preso por trás do escudo da saudade
Escudo impenetrável que nos torna vulneráveis a tudo, incluindo ao nosso próprio existir?

E, como se sabe, os anjos perguntam em Francês, respondem em Português, afirmam em Trovão e nós, que não somos anjos, ouvimos em Silêncio: o idioma mais intraduzível, mais fel.

Parecia não haver escapatória para aquele mortal acorrentado ao mistério que diante dele respirava e pestaneja, com cílios suicidas, saltando do alto de olhos castanhos acobertados por cabelos cor de sombra-enigma e jeito de passaporte espião. Os ataques daquele anjo eram indefensáveis. Ele atacava com uma espada que ao atingir o corpo do oponente desdobrava-se em dúvida e indecisão: onde ela tocava, não se sabia se o resultado era ferimento ou carícia. O ponto, ao ser atingido, virava reticências e não sabia mais se era corpo ou espírito. Presença, ausência e presença-ausência eram os gumes da espada: igualmente afiados pela pontualidade britânica, pela neutralidade suíça e pela oscilação brasileira.

O peito do rapaz, atingido pela espada daquele anjo, começou a jorrar sangue furta-cor. Cicatrização difícil, não por conta da ferida, mas por conta do carinho: este sim difícil de curvar a qualquer anticoagulante. O rapaz tentou contra-atacar com uma oração roubada de um olhar distraído de paixão que o anjo deixara escapar de um luminoso soslaio. O contra-ataque não surtia defeito, mas se tornava inútil, porque, quando o mortal atacava o anjo que amava, o coração do anjo trocava de lugar com o do mortal. O resultado é que o mortal tinha seu próprio coração transpassado, mas não conseguia morrer. E a dor aumentava porque o mortal sentia o coração de seu amado batendo dentro de si, o que fazia o seu amor crescer como uma espécie de eco. E há quem diga que se chama saudade o eco de um amor que sussurra num coração exilado em peito estrangeiro.

Seguiu-se o interrogatório do anjo nesses termos:

O que adianta, seu idiota,
Você induzir o meu desejo e não deduzir o meu descaso?
Adianta comprares pra mim asas de Castiel no mercado áureo do sobrenatural?
Se tudo o que conseguirás é carimbar o passaporte do meu desejo de estar longe de ti
{E por que me assalta a felicidade de descobrir que este passaporte foi vencido?}

De que adianta tentares tocar o meu coração quase transplantado {quanto desplante!}
Se antes de teres meu coração nas mãos, prefiro doar meu abraço a um fantasma?
Não adianta leres meus pensamentos, idiota! Pois nas entrelinhas da minha {se}mente
Tua lembrança é uma profecia expulsa das mãos do meu quiromante querer
? O que adianta emprestares aos anjos meus cabelos negros et mon terrorist visage blanc
Se peço à estrela D’alva que o amanhã contrabandeie a descoincidência de nossos hojes
E compre com juros e incorreção a promessa de que nunca voltarei a te encontrar
Nem mesmo no pretérito mais-que-perfeito?

O que adianta, idiota, teres o meu amor
Se já o tens?
Adianta, idiota, semeares o nosso futuro abraço radiante de presença, regando-o
Com os abraços que te envio, sem remetente, de meu endereço errante?
O que adianta, idiota, eu sentir-me tão lindo e amado à luz de ensaiados desencontros
O que adianta, idiota, se eu te amo e durmo contigo o orgasmo dos justos, sem bombas, sem asma, com alma e tudo mais?
Se vou arrumar um jeito de teu abraço esbarrar comigo
O que adianta, idiota, sentirmos saudade um do outro?
Se espero pelo dia em que descansarei meu jeito sisudo no teu carinho
E tu descansarás tua idiotice no meu fazer amor que finge estar nem aí quando, pra ti, inaugura, todas as manhãs, um “Estou aqui”
De que adiantam tuas viagens poéticas
Se já está marcada nossa ida à França (depois de nossa ida à capital de Táchira)
Onde esperaremos de mãos dadas pela perda do avião e pela decolagem do sol?
O que adianta, idiota, achares que eu te desprezo,
Se minha espada foi desafiada por teu amolado afago

O peito do rapaz mortal devolveu a espada ao anjo de Táchira e ouviu-se uma música instrumental cantada à capela. O anjo quase desmaiado teve o rosto amparado pelo ombro do mortal. Depois disso, o anjo vomitou naquele ombro. Uma sede de carinho tomou de assalto aquele instante do tempo. O mortal tirou sua camisa branca e limpou os lábios do anjo e fez um carinho em sua nuca. E adormeceram juntos: fim do primeiro round!

Epílogo
A poesia toca sem ser tato
Ouve sem ser toque
É meu jeito de te ver estando longe das segundas e das quartas-feiras
E dentro da saudade
Porque quando lembro de ti
Os engarrafamentos se transformam em céu límpido

E meu batimento cardíaco deixa de ser pressa e vira desabrochar
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