13 de maio de 2014

Capítulo 1 – Ataque ao terrorista da cidade onde morreu Joana D’Arc

Paris 9 - Printemps cupola


Sinto inveja profunda dos policiais que puderam te revistar
E fazer de suas impressões digitais certezas labirínticas,
Sendo teu corpo um fio que fugiu do desvelo de Ariadne:
E que não cede ao controle telepático de Teseu

Tenho ido à Venezuela, a Londres, a Berlim (onde um feiticeiro da távola trapézio rima com escombros de um velho muro para fugir de Morgana)
Tenho ido lás em busca do olhar raivoso que abriu o coração de minhas portas


Que dá abrigo secretamente à França anti-monotonia
Meus alicerces ruíram e o prédio continua de pé
Escorado em risos ruidosos de um jovem que, talvez, me ache ridículo
Não consigo desmoronar depois de ter revisto aquela foto despenteada
Daquele por quem me avistei à primeira paixão
E que me fez não conseguir esquecer como é um coração batendo dentro do outro
Inutilmente? Talvez sim. Certamente, não
Meus sonhos fragmentados encostam a tempestade no teu peito e
Tentam descansar
E se fores embora quando eu adormecer
Uma vez por mês vem e me desabandona

Tento partir, mas a saudade corre pra me esperar onde as bombas desexplodem
Sinto amor por ti e vontade de te dizer que és muito bonito
Com teu rosto de neve não barbeada
E te conhecer do comecinho até chegar a terceira semana
Em que depois da última sessão de cinema, tu me pedes em namoro
Enquanto te infiltras na plataforma de embarque
E levas contigo o meu suspense que se esforça para não demonstrar que é um “Aceito” pré-datado

Correria no meio de uma multidão incolor, inodora e insípida se fosse pra dar um cheiro nesse terrorista amado: implodiria no seu abraço e a opinião dos outros que explodisse
Mas, depois desse abraço, as metáforas da guerra desapareceriam
E as minas terrestres se transformariam em discos dos Beatles, de Chico Buarque e de Bob Dylan ou Luiz Gonzaga

Desejo algemar este terrorista com asas de beija-flor, com um paraquedas tecido em Cabernet sauvignon vertido da taça de Deus sem passaporte
Me beija logo, ranzinza, sarcástico, esnobe, antipático, arrogante, meu amor: antes que eu me mude para a França daqui há dois ou três anos

Não haja mais muros, lamentação ou gemido
Quero te condenar a prisão perpétua, prisão azaleia, prisão girassol, prision de printemps
Prisão cujas grades são asas deltas, onde meus rios nascentes desembocam
Encontrando orgasmo na tua nuca asmática
E o cigarro já teve de se conformar em nos ter encontrado na cama
E que delicioso foi te seduzir e te levar a pôr um belo par de chifres na coca-cola
Fico sonhando que um dia desses vou poder ficar te olhando dormir
E ouvir depois do nascer da lua tuas declarações de amor que tentam driblar a timidez
Escondendo-se atrás de uma indiferença que é péssima atriz

Em segredo, te digo como és cativante e como este cativo que te escreve

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