13 de junho de 2013

O Nobre rosto e o "impagável" preço do resgate de Santo Antônio do cativeiro da simpatia

Hoje, pela manhã, o Recife não parava de chover
E meus poros eram uma narrativa em braile cuja dor cega
Os olhos d’água perdidos na atmosfera tentavam derramar
Curando a tristeza que alagava os desertos de mim

Havia tempos que não ia pro trabalho que não fosse vestido de automóvel
Resolvera tomar um ônibus na Integração, eu e meu eu fragmentado de saudade
Não conseguia ver nada, pois ondas de gentes se acumulavam entre o começo e o fim: do ônibus

Foi quando começaram os gritos e mulheres choravam, fazendo chover também do lado de dentro
“Eles estão armados”, gritavam!

A partir de então, fui sendo meio que esmagado, sentado na cadeira que fica numa brechinha, lá na frente do ônibus.

As pessoas pediam que as portas do ônibus fossem abertas e imploravam que permanecessem fechadas
Calmo estava, calmo fiquei. E pensei: vou morrer bem no dia dos Namorados, antes de rever meu Nobre Alguém que não me pertence...  Sem Aliança, sem Aikidô: só com um cansaço dolorido que amornava em mim a fé.

Ainda ouvi as pancadas de tijolos sendo jogados contra as paredes do ônibus.

Por um lado me senti até feliz, pois os habitantes daquele lugar não se abandonaram uns aos outros. E ainda eram capazes de se indignar com os insultos que os homens armados desferiam contra a honra alheia.

Graças a uma ligação para o 911, fomos salvos. Niguém saiu ferido. Pela janela, vi um rapaz que, na contramão, andava com uma bicicleta arranha-céu, daquelas de antigamente que tinham a roda da frente bem pequena e a de trás bem grande (ou seria o contrário?): a esperança retornou e meus poros foram tomados pela visão linda de um futuro luminoso.

Mas,não sabia que este futuro estava tão próximo. Quando cheguei e vi o Nobre Alguém conversando com aquele garotinho (a beleza não se contenta com pouco e trazia na mão dois pássaros voando...).

Quando o Alguém se permitiu ser visto por mim: meu Dia dos Namorados estava ganho. E pensei: não namorava Alguém, mas Alguém era meu namorado, visto que um dos sentidos deste termo é: “pessoa admirada, encantadora e que exprime amor”.

Os sintomas eram claros: depois de rever Alguém, fiquei com vontade de convidar o mundo inteiro para fazer o amor e deixei que alegria ilimitada estacionasse em mim: enfeitada de nova oportunidade e de hora da salvação: Eis a questão: mostrava-me Santo Antônio, depois que paguei, com a alegria de ter revisto o Nobre Alguém, o seu resgate do cativeiro das simpatias. E, demoraria um ano inteiro para ele (Santo Antônio) ser achado novamente...

Simply Red - For your babies

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